sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Reconstruindo a Vida

A vida é uma obra em permanente estado de construção. Sempre há o que reformar, o que demolir e reconstruir tudo novamente. Às vezes pensamos que não tem mais jeito, que somos verdadeiras ruínas e resta-nos aceitar e conviver com isso. Muitas vezes até tentamos maquiar algo que não está nada bom, aí para disfarçar uma infiltração, colocamos um quadro em cima de uma rachadura. Mentimos para nós mesmos tentando nos convencer de que está tudo bem porque nos sentimos fragilizados para encarar as mudanças ou por preguiça mesmo. Às vezes ainda, reconhecemos que há muito o que fazer, mas é tanta coisa para arrumar que nem sabemos por onde começar. 

Quando vejo uma criança imagino que aquele ser nasceu para ser feliz. Todos nós fomos crianças e nossos olhos brilhavam para o mundo em que caminhávamos, em busca de uma realização plena. Esse menino ou essa menina nunca morrem dentro de nós e é a eles que devemos recorrer quando estamos tão perdidos que nem conseguimos reconhecer quem realmente somos e o nosso próprio caminho. Como diz a música do Milton Nascimento: " há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração, toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão. Há um passado no meu presente, o sol bem quente lá do meu quintal, toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão." 

Quanto mais distantes estamos de nossa verdadeira essência, mais transtornos causamos na vida dos outros. E isso ocorre porque distantes do que somos, em primeiro lugar ferimos a nós mesmos. Machucar o próximo acaba sendo uma consequência por estarmos infelizes e frustrados. E o outro normalmente está passando por situação semelhante, daí ocorrem tantos desentendimentos e desencontros. É mais fácil perdoar quando reconhecemos que as imperfeições dos outros são parecidas com as nossas. E quando pensamos que são diferentes, devemos compreender que todos nós estamos construção, que nós erramos do nosso jeito e o outro do jeito dele. Os erros podem ser distintos, mas o processo é o mesmo: somos falhos, temos defeitos e negatividades, mas desejamos a paz, a felicidade e buscamos uma existência mais satisfatória, cada um à sua maneira. 

Esse lindo texto do Papa Francisco nos inspira a sermos mais condescendentes conosco e com os outros. É com gratidão que compartilho.    


Estou em construção!

Durante a nossa vida causamos transtornos na
vida de muitas pessoas,
porque somos imperfeitos.
Nas esquinas da vida, pronunciamos palavras inadequadas,
falamos sem necessidade,
incomodamos.
Nas relações mais próximas, agredimos sem intenção ou intencionalmente.
Mas agredimos.
Não respeitamos o
tempo do outro,
a história do outro.
Parece que o mundo gira
em torno dos nossos desejos
e o outro é apenas
um detalhe.
E, assim, vamos causando transtornos.
Esses tantos transtornos mostram que não estamos prontos, mas em construção.
Tijolo a tijolo, o templo da nossa história vai ganhando forma.
O outro também está em construção e também causa transtornos.
E, às vezes,
um tijolo cai e nos machuca.
Outras vezes,
é o cal ou o cimento que suja nosso rosto.
E quando não é um,
é outro.
E o tempo todo nós temos que nos limpar e cuidar das feridas, assim como os outros que convivem conosco
também têm de fazer.
Os erros dos outros,
os meus erros.
Os meus erros,
os erros dos outros.
Esta é uma conclusão essencial:
todas as pessoas erram.
A partir dessa conclusão, chegamos a uma necessidade
humana e cristã:
o perdão.
Perdoar é cuidar das feridas e sujeiras.
É compreender que os
transtornos são muitas vezes involuntários.
Que os erros dos outros são
semelhantes aos meus erros e que,
como caminhantes de uma jornada,
é preciso olhar adiante.
Se nos preocupamos com
o que passou,
com a poeira,
com o tijolo caído,
o horizonte deixará de ser contemplado.
E será um desperdício.
O convite que faço é que você experimente a beleza
do perdão.
É um banho na alma!
Deixa leve!
Se eu errei,
se eu o magoei,
se eu o julguei mal,
desculpe-me por todos
esses transtornos…
Estou em construção!


Papa Francisco




Essas flores foram fotografadas aqui perto de casa. Brasília é uma cidade que sofre muito no período da seca. Aqui tem muita área verde e quando não chove a cidade inteira fica com um aspecto queimado. O cerrado é uma vegetação muito resistente e quando a gente pensa que a plantinha morreu chega o período das chuvas e tudo renasce novamente, verdinho e florido. A natureza é sábia...



Um beijo!

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