sábado, 1 de outubro de 2016

Quer um conselho? Não, obrigada.




Na semana passada conheci uma pessoa que disse uma coisa muito certa. Não me lembro exatamente com quais palavras, mas foi mais ou menos isso: "dê o exemplo, seja aquilo que você quer transmitir e, se não funcionar, reflita sobre a possibilidade de dizer alguma coisa. Provavelmente será desnecessário." Particularmente, acho um vexame quando o discurso de alguém não condiz com as suas atitudes. Já ouvi muito conselho por pura educação. Enquanto a pessoa destilava a sabedoria dela eu ficava lá, caladinha, pensando: "mas gente, se eu fizer o que tá me dizendo, vou ficar assim que nem ela? Quero não..." 

Pessoas sábias em geral não dão conselhos, nos ajudam a refletir. Tem mais: quando a gente quer conselho ou opinião, a gente pede. É uma coisa muito chata você estar lá na sua e chega um bicão do nada, que nem lhe conhece, com aquele papo: "digo isso pro seu bem". Minha avó, uma pessoa que quando abria a boca pra falar, e era raro, costumava dizer: "conselho se fosse bom não se dava, se vendia". E é exatamente isso que acontece. Uma pessoa de bom senso nunca sai ouvindo tudo de todo mundo, escolhe quem quer ouvir e paga mesmo, se for necessário. 

Gente ensinando coisa que não sabe fazer tem aos montes. Aquela máxima "faça o que eu digo, não faça o que eu faço" nunca me convenceu. Na minha opinião, essas pessoas estão transferindo para nós o que elas mesmas estão precisando ouvir. Minha vontade nessa hora é perguntar: "e por que você não faz?" Mas a gente ouve, balança a cabeça e não diz nada, porque sabe que não existe abertura para ser ouvido e que é perda de tempo falar qualquer coisa. Seria ótimo se todo mundo que quisesse ser ouvido tivesse a mesma disposição para ouvir.


O problema do conselho é essa característica de fórmula que ele tem. Quando alguém dá um conselho acredita que é daquele jeito que tem que ser e pronto. Eu morro de medo de dar conselho. As únicas pessoas que me pedem conselhos são meus filhos. Quando isso acontece me dá um arrepio na espinha, já sei que a coisa é grave e que o que eles querem é uma resposta para solucionar o problema, coisa que, eu nem tenho como saber. É claro que me esforço para fazer a melhor análise, mas desde que eram pequenos sempre disse que a decisão é deles, assim como o mérito das consequências. 

As palavras são muito vazias quando por trás delas não existem atitudes. Ainda não inventaram um jeito de testar o que funciona e o que não funciona se não for experimentando. Gosto muito de ouvir os mais velhos porque foram muitos anos de vida testando jeitos de fazer as coisas e através da experiência eles provaram o que funcionou. Então eu termino esta troca de ideias dizendo que só ouço conselho se for de gente como a minha avó e essa pessoa que eu conheci, que diga-se de passagem, é uma aconselhadora. Gente que tem a consciência de que qualquer ensinamento é vazio quando não vem recheado de atitudes. Quem realmente sabe, não enche o saco, mostra como faz.


Fonte: Eu Mesma #desabafoparticular

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