quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Arte na Terceira Idade


Os efeitos da Arte na terceira idade funcionarão como elementos vitalizadores para o indivíduo idoso.

Nas difíceis passagens da maturidade, o processo de criação artístico é um excelente aliado. O Arteterapeuta poderá atuar com os idosos no período que antecede a saída do mercado formal de trabalho, por exemplo. Esse momento é cercado de ansiedade e medo, gerando insegurança.
Não se trata de levar o idoso a produzir grandes “obras de arte”, mas de despertar o compromisso de cada um com o seu processo expressivo, que é o compromisso em viver, ajudando a superar os medos e inseguranças, pois muito do que se perdeu pode ser revivido com a arte.
Através da liberação do seu potencial expressivo a arte colabora na prevenção e preservação da saúde física e mental, propiciando uma melhor qualidade de vida.
“A arte é uma forma de expressão do ser humano e como tal, uma forma de comunicação e de linguagem simbólica, é um produto da intuição e da observação, do inconsciente e do consciente, da emoção e do conhecimento, do talento e da técnica, da criatividade.”
Margarida M. J. de Carvalho
A Arteterapia poderá ajudar o idoso a criar alternativas para buscar através da arte o auto conhecimento, o fortalecimento da auto estima, através de estratégias e materiais diversos. Este profissional busca estimular a criatividade do idoso, a valorização pessoal, ajudando o indivíduo a expressar seus sentimentos de forma não-verbal, ou seja, através da linguagem artística. Com isso os idosos conseguirão manter ativos os núcleos de vitalidade, comunicação e cooperação.
A criatividade com o passar do tempo vai sendo inibida muitas vezes pelas pessoas  acharem que não têm talento, etc. Essa possibilidade artística que cada um de nós têm, pode ser de qualquer tipo de expressão, como por exemplo: pintura, desenho, teatro, literatura, música ou mesmo nos trabalhos cotidianos.
A criatividade teve início com os desenhos do homem pré-histórico nas paredes das cavernas. O homem com sua curiosidade e criatividade descobriu o fogo, a roda, o barco e muito mais como podemos ver hoje em dia.
Fayga Ostrower escreveu que criar é, basicamente formar. É poder dar uma forma a algo novo.
Todos têm um potencial criativo, só que na maioria das vezes está adormecido, apagado, ou oprimido aguardando ser despertado para a sua energia vital ser retomada.
David Prado afirma que a ativação criativa é excelente meio para despertar e desenvolver a criatividade natural de todo ser humano.
As diversas possibilidades de aprendizagem em grupo favorecem mudanças eficientes e rápidas, como:
  • ampliação da rede de sociabilidade;
  • melhoria da auto-estima;
  • reconhecer  e valorizar sua história de vida;
  • diminuição da timidez;
  • incentivo à cooperação;
  • auxiliar na comunicação;
  • criatividade e espontaneidade;
  • expressar sentimentos e emoções;
  • trabalhar com “a perda”.
Toda dinâmica de grupo deve proporcionar a seus componentes um ambiente agradável e seguro para que todos se sintam à vontade para expor sentimentos e assuntos pessoais.
As dinâmicas devem ter as fases:
  • de preparação ou aquecimento, onde a proposta é feita e o grupo é estimulado a se envolver na tarefa;
  • desenvolvimento da tarefa, realizando atividades ou buscando soluções;
  • fechamento, etapa na qual são apresentadas as conclusões e cada pessoa do grupo pode expor sua opinião ou ponto de vista, bem como uma breve avaliação com os grupo da atividade;
Apesar de serem diversas as técnicas que o Arteterapeuta pode usar com os idosos percebemos que a colagem é bem aceita pelos mesmos e é de pouca complexidade operacional facilitando assim o trabalho.
Devemos ter a preocupação de adequar as técnicas aos comprometimentos clínicos naturais à Terceira Idade, como também, deixá-los bem à vontade no manuseio dos materiais para que não se sintam “obrigados” a utilizar algo que não os agrade. A arte precisa ser um processo que lhes transmita coisas boas, agradáveis e prazerosas.
A velhice não deve significar “envelhecimento” de atitudes e comportamentos, e a Arte desperta nessa faixa etária a vontade de fazer, criar, superar problemas e, sobretudo “viver”…
Podem ser feitas muitas coisas para que o idoso possa ter condições de desfrutar de ótimos momentos. Pode-se proporcionar uma qualidade de vida das mais variadas, onde ele poderá ter alegria e prazer suficiente para se sentir produtivo, ativo, amparado, amado, e mais ainda, se sentir vivo.
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  • Fonte:http://www.projetorodarte.art.br


    Locais de Realização

    1 – CASA DE RAMANA

    • Instituição beneficente mantida por doações.
    • Endereço: Rua Juiz de Fora Nº 15, bairro do Grajaú, R. J – BRASIL
    • Público alvo: idosas
    • Início das atividades: outubro de 2006
    • Está instalada numa casa muito aconchegante e abriga atualmente 12 vovós, sendo que duas não participam das atividades propostas por estarem em fase avançada do Mal de Alzheimer. Das dez idosas, duas estão em cadeira de rodas, e outras duas têm problemas de locomoção, mas andam, embora com dificuldade.Sempre que estamos lá podemos observar a limpeza do espaço onde realizamos as dinâmicas e da casa como um todo. A casa tem um jardim e local para pegarem Sol. Em cada quarto ficam duas idosas, mas cada uma com seu armário.Verificamos também que o lanche é muito saudável, pois como nossas atividades são à tarde, normalmente chegamos na hora que elas estão terminando de lanchar.A Casa de Ramana conta com uma equipe interdisciplinar: Enfermeira, Assistente Social, Psicólogo e Fisioterapeuta. Há também um Médico Geriatra que cuida das “Vovós” (como são chamadas) periodicamente ou sempre que necessitam.Nosso projeto foi muito bem aceito pela casa de Ramana que concordou plenamente que tirássemos fotos para nossos arquivos e relatórios. Nossas atividades acontecem toda semana (quinta-feira das 15:30 às 17:00), havendo um rodízio das voluntárias.

    2 – CENTRO DE SAÚDE ZEFERINO TIBAÚ JUNIOR

    • Endereço: Av. do Exército, nº1 – São Cristóvão R. J – BRASIL
    • Público alvo: idosos.
    • Início das atividades: outubro de 2006 
    • Começamos este trabalho em 2004, antes de termos a idéia do Projeto Rodarte. Tudo começou com um estágio para a Pós em Arteterapia, junto com a colega Áurea Durra, e depois tornou-se também um Projeto Voluntário e passou a ser chamado de PROJETO RODARTE a partir de outubro de 2006, junto com minhas filhas Luciana Machado dos Santos e Ana Lucia Machado dos Santos, e os voluntários que estão conosco e que já passaram pelo projeto.

    quarta-feira, 24 de agosto de 2016

    SUAS RAÍZES


    A Revista "Suas Raízes" surgiu da ideia de abordar os temas: Envelhecimento e Velhice, de uma forma inovadora nas mídias impressa e digital em uma linguagem acessível e interativa. Embora sejam temas que envolvam reflexão e profundidade, a revista pretende tratá-los com simplicidade e leveza, dando especial enfoque à reinvenção dos modos de vida que temos observado nos idosos e envelhescentes dos dias de hoje. Com o aumento da longevidade, as pessoas passaram a considerar que provavelmente viverão muito mais que seus pais e avós. Dessa forma houve uma preocupação maior em como aproveitar esse tempo que se estendeu.

    O desejo de atingir essa fase com qualidade de vida tem propiciado o surgimento de um novo idoso que não se adapta mais aos antigos padrões. Se antes viviam de uma forma mais acomodada e reclusa após a aposentadoria, hoje buscam novos significados, metas e objetivos.  


    O charme da Revista será a sua versão impressa. Nesse formato ela foi elaborada para facilitar a leitura e a compreensão do público. Sua apresentação será em papel de alta qualidade que proporcionará um tato agradável e excelente nitidez de imagens. Optou-se por usar fontes ampliadas, matérias e artigos não muito extensos, limpeza e organização visual. Embora vivamos num momento de transição para o predomínio de meios digitais, muitos de nós apreciamos o material impresso e percebemos que através dele nos fixamos melhor ao conteúdo da leitura. Muitos idosos ainda sentem dificuldades para acessar a internet, usar telefone celular ou mesmo lidar com os controles remotos de suas residências. 


    A mentalidade do envelhescente e do idoso é muito diferente da do jovem contemporâneo. Nossa turma viveu uma boa parte de suas vidas em um período que não havia muitos recursos tecnológicos e anterior ao surgimento da internet. Somos tomados por uma sensação de familiaridade e aconchego quando algo nos desperta lembranças de uma época em que tudo era mais lento e processual. Como não pensar que um idoso pode se sentir sufocado no meio de tanta rapidez e dinamismo. 


    Elaboramos sessões que visam a aproximação com o seu universo, o estabelecimento de um diálogo mais direto com o leitor e a visibilidade, no sentido de valorizar as realizações e conquistas dos idosos. Temas de caráter afetivo serão valorizados e tratados com frequência em toda a revista, particularmente nessas sessões, abrindo espaço para depoimentos, entrevistas e homenagens. 

      
    SUAS RAÍZES pretende aproximar o anunciante de seu público alvo, o idoso e o envelhescente, de forma que ele se integre no seu universo e passe a reconhecer cada vez melhor as suas necessidades. A periodicidade da revista será bimestral com o lançamento previsto para a segunda quinzena de outubro. A distribuição ocorrerá de forma gratuita em clínicas médicas de todas as especialidades, comércios locais, centros de convivência, igrejas e assinaturas, totalizando 15.000 tiragens, abrangendo em torno de 80.000 leitores no Distrito Federal. Na mídia digital o mesmo anúncio impresso será veiculado e promovido para um alcance estimado de 20.000 acessos por semana em nível nacional. O público alvo terá a faixa etária de 35 a 65+.

    Deixo o convite a todos que apoiam essa ideia a contribuírem com suas histórias que enriquecerão nossas páginas e serão recebidas com todo o carinho e disposição. É só entrarem em contato conosco, afinal somos os frutos de nossas raízes e as raízes de novos frutos. Estamos te esperando!


    Um beijo, Marcia Degani.




    Disponibilizamos aos colaboradores as seguintes sessões:

    . "Receita de Vó": histórias de receitas que marcaram a sua vida.
    . "Pé na Estrada": relatos de viagens com enfoque no turismo do idoso.
    . "Exemplos de Vida": biografias inspiradoras de pessoas idosas.
    . "Histórias de Amor": depoimentos de vivências afetivas.
    . "Nossas Leituras": publicação de poemas, contos, reflexões, resenhas e indicações de leituras.

        

    domingo, 21 de agosto de 2016

    Três faces de um mesmo tempo.

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    Vivemos todos em um mesmo tempo e não há quem consiga escapar do ritmo das horas. Contudo, a forma como cada um o interpreta e sente se distingue. Na antiguidade os gregos observaram que há formas diferenciadas para se vivenciar a temporalidade e trouxeram essas reflexões incorporadas à sua mitologia. 

    O ser humano começou a percebê-lo através da observação de como o movimento dos astros interfere na natureza. Através dessa consciência, além de compreender e organizar melhor a própria vida, também teve que aprender a conviver com a própria finitude. Desde então a passagem do tempo se tornou seu maior conflito interno. Freud afirma que o medo da morte habita nas profundezas do inconsciente, e Jung, em seus últimos estudos, conclui que as religiões têm um papel importantíssimo na estruturação da mente por se fundamentarem na crença de um espírito imortal.  
    O primeiro nível da compreensão do tempo, segundo a mitologia grega é o cronológico. Chrónos representa a passagem do tempo no sentido mais concreto e linear, a sucessão do antes para o depois, o tempo físico medido pelo relógio: passado, presente e futuro. Chrónos se apresenta como um Deus tirânico e cruel. Filho caçula de Gaia (Terra) e Uranos (Céu), recebeu de sua mãe uma foice para matar seu pai libertando todos os Titãs (ele e seus irmãos), que até então viviam presos à Gaia. Assim ele passou a dominar o mundo. Advertido que seria destronado por um de seus filhos, devorava-os ao nascerem. Zeus, um deles, foi substituído por uma pedra envolta em fraldas para que Chrónos o engolisse e cresceu distante de seu pai. Ao retornar lançou-o ao abismo do Tártaro e iniciou a linhagem dos imortais Deuses olímpicos.

    A dimensão Kairós tem sido cada vez mais abordada, especialmente por conceitos religiosos que o situa fora dos padrões terrenos. Em termos religiosos Kairós é o tempo de Deus. Em grego o significado desta palavra é "oportunidade" que, em relação ao tempo, seria "momento oportuno". Kairós representa a percepção subjetiva da temporalidade vivenciada no tempo físico de Chrónos. Viver o instante é estar liberto de passado e futuro, assim somos capazes de perceber oportunidades e enxergar possibilidades com maior amplitude de visão. Em Kairós "o instante é mágico". Segundo o sofista grego Callistratus (300 a.C.)  É fácil de pegar quando se aproxima, mas passado o momento de ação, do mesmo modo expira, dessa maneira, se a oportunidade (Kairós) for negligenciada, não poderá ser recuperada.



    Áion, que em grego significa "eternidade", é descrito como um deus distante e incorpóreo, que rodeia o universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sob a forma de um homem idoso de longos cabelos e barbas brancas, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força que vai muito além do alcance do poder dos deuses mais jovens (SANGUISTA, 2015). Áion é aquele que existe desde o princípio, o tempo da eternidade, apartado das leis da física. Heráclito associa essa palavra à infância, à criança que brinca livre e descompromissada. Nietzsche no final da jornada de Zaratrusta, faz com que seu herói retorne a este estado, que é o do livre criador. Apenas dessa maneira ele será capaz de vivenciar a intemporalidade. 

    Em Chrónos somos levados a lidar com a passagem do tempo admitindo que o passado não pode ser recuperado. Nessa dimensão o momento presente se esvai entre pretérito e futuro. Kairós aparece em nossas vidas quando, mesmo sujeitos ao tempo do relógio, nos libertamos de Chrónos e conseguimos vivenciar o agora em plenitude. Nele existe a abertura necessária para perceber e aproveitar a energia do instante, dessa forma passamos a captar com maior sensibilidade as tendências e oportunidades. Áion é o tempo da tenra infância que se reapresenta na velhice. Nele o sujeito está totalmente liberto de todas as concepções de temporalidade. Áion representa o início e o fim que se fundem através da criação e completam assim o ciclo da vida.



    terça-feira, 16 de agosto de 2016

    Os novos 50 anos

    Os novos 50 anos

    Eles mudam de profissão, começam outra faculdade, se divorciam, casam novamente... Conheça a nova geração de cinquentões que, em ótima forma, é protagonista de uma das maiores mudanças de comportamento do nosso tempo




    O engenheiro Narcizo deixou o emprego em outubro do ano passado para se aventurar em outras águas: é um feliz calouro do curso de física da Universidade de Campinas. Já José Rubens acorda diariamente às 4h20 para percorrer 70 quilômetros de bicicleta com um grupo de amigos pelas vias paulistanas. Depois de uma jornada extenuante de trabalho – há dois anos deu uma guinada na carreira –, ele ainda encara um treino de musculação noturno. Depois de passar alguns meses viajando sem compromisso pelo mundo, Andrea acaba de ser contratada por uma empresa do setor de óleo e gás. Ana Maria e Elmo namoram há apenas quatro meses, mas já nutrem um sonho em comum – querem fazer ao menos uma viagem internacional por ano. Essas são histórias de vitalidade, coragem e recomeços protagonizadas por pessoas no auge dos seus 50 anos. Mais ativa do que nunca, a atual geração de cinquentões é protagonista de uma das maiores mudanças de comportamento do nosso tempo. “Estamos passando por uma revolução em relação ao envelhecimento como nunca se viu antes. Não é só uma questão de viver mais tempo, mas também com mais saúde e energia”, afirma Vern Bengtson, professor da University of Southern California e especialista em sociologia do envelhecimento. Com mais anos de vida pela frente, a ordem é não diminuir o ritmo nem ter medo de mudar. “Os padrões de comportamento sofreram alterações, por isso é mais comum pensar em novas carreiras, novos casamentos, prática de esportes audaciosos e formas de se vestir diferentes daquilo que se imaginava até então para os 50 anos”, afirma Mônica Yassuda, psicóloga e professora de gerontologia da Universidade de São Paulo.
    PRAZER
    Os cinquentões não ficam mais aprisionados a relacionamentos insatisfatórios.
    Por isso o aumento do número de divórcios e recasamentos nessa faixa etária

    Na década de 1960, a expectativa de vida no Brasil era, em média, de 50 anos. Meio século depois, essa estatística soa absurda. Primeiro porque o dado mais recente, de 2012, saltou para 74,6 anos. Segundo porque a realidade de quem tem 50 hoje é totalmente contrária ao que previam as pesquisas. Caso do engenheiro agrônomo José Rubens Macedo, 56 anos, que trabalhou durante 11 anos com franquias do setor alimentício e até hoje gerencia duas unidades de restaurantes japonês e árabe. Em 2012, porém, ele recebeu a proposta de um fundo de investimento para abrir restaurantes em aeroportos brasileiros. “Não imaginei que uma mudança como essa pudesse acontecer a essa altura”, diz. Para conseguir levar adiante seus compromissos de trabalho, Macedo, que é divorciado e pai de quatro filhos, segue à risca uma rigorosa rotina de exercícios, que começa com 70 quilômetros diários de bicicleta, ainda de madrugada, e termina com um treino de musculação noturno.

    Nos últimos anos, é cada vez mais comum encontrar cinquentões com um perfil semelhante ao de Macedo. Para a psicóloga Mônica Yassuda, pessoas nessa faixa etária tendem a assumir novos desafios como uma forma de provar a si mesmas e aos outros que são capazes de se reinventar. “É uma maneira de driblar a velhice e reafirmar a continuidade da vida”, diz Suzanne Braun Levine, autora do livro “A Reinvenção dos Cinquenta: Lições de Vida para Mulheres na Segunda Adolescência”. Ela acredita que a sociedade está assimilando essas mudanças de postura, principalmente em relação às mulheres. “Nos tornamos mais independentes e confiantes. Isso significa que quando entramos naquela idade considerada ‘velha’ dizemos: ‘De jeito nenhum! Ainda temos muito o que fazer’. O conceito de envelhecimento está sendo redefinido.” Esse pensamento é o que move a estilista Bibi Barcellos, 51 anos. “Acordo cedo para fazer exercícios e trabalho até tarde. Me sinto com uma energia incrível. A última coisa em que penso é me aposentar”, diz. “Brinco que minha geração não é de cinquentonas, mas de cinquentérrimas.” Sem levantar bandeiras a favor da quebra de estereótipos, essa turma acaba fazendo uma verdadeira revolução do cotidiano – seja na maneira de agir, de encarar a vida ou até no jeito de se vestir. “Estamos rompendo com tudo isso de uma maneira meio invisível. Mas podemos notar várias mudanças em relação às prescrições sociais que dizem respeito à idade. Há muitos homens e mulheres cuja idade não é possível classificar. Não são velhas, mas não são jovens, são ‘ageless’ (sem idade, em inglês)”, diz a pesquisadora Mirian Goldenberg, autora do livro “A Bela Velhice” (Record).

    A projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que neste ano o País tenha cerca de 21,6% de sua população com mais de 50 anos, o equivalente a cerca de 44 milhões de pessoas. Em 30 anos, esse número vai representar 40% dos brasileiros. Essa revolução em curso, portanto, deve ganhar mais adeptos e enfraquecer os limites de conceitos como “meia-idade”. Se até pouco tempo atrás esse período da vida era conhecido por marcar a quarta década de existência – uma etapa anterior à “terceira idade” em que as pessoas costumam repensar suas vidas –, hoje é difícil estabelecer um momento em que ele de fato comece. O consenso é que esse marco foi atrasado. “Em 1950, quando meu pai fez 40 anos, ele estava na meia-idade. Acho que hoje isso deve estar entre os 50 e 55 anos”, afirma Vern Bengtson, da University of Southern California. A mais recente pesquisa sobre o assunto foi divulgada em agosto de 2013 pela empresa de assistência médica britânica Benenden Health, afirmando que a meia-idade começa aos 53 anos. O levantamento foi feito com duas mil pessoas e relacionava a meia-idade a alguns comportamentos que especialistas da instituição consideram característicos dessa fase da vida, como preferir uma noite com amigos a uma balada, gastar mais dinheiro com cremes anti-idade e preferir fazer uma caminhada em um domingo em vez de passar mais tempo na cama.
    SONHO
    Narcizo Sabbatini, 55 anos, deixou o trabalho como engenheiro
    para estudar física na Unicamp. "Era um desejo antigo"

    Na área da psicologia analítica, o psiquiatra austríaco Carl Gustav Jung definiu a segunda metade da vida como o momento em que a pessoa se volta para o processo de busca de caminhos próprios, não dos que os outros ou as convenções sociais exigem. “Diferentemente de quando se é mais jovem e estamos mais voltados para questões estruturais, de sobrevivência, como emprego e família”, afirma a psicóloga clínica Dulce Helena Rizzardo Briza, presidente do Instituto Junguiano de São Paulo. Na vida de Narcizo Sabbatini, essa chave virou aos 55. Depois de trabalhar por três décadas como engenheiro, decidiu voltar para a faculdade e estudar física, um sonho antigo, desde a época em que foi universitário pela primeira vez. “Deixei meu último emprego em outubro de 2013 porque vi que o que eu fazia não me realizava mais. Já tinha estabilidade financeira e minha família estava formada. Resolvi ir atrás de planos deixados para trás”, diz o aluno do primeiro semestre da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Quero continuar estudando e penso em trabalhar com pesquisas.” O número de estudantes nessa faixa etária tem crescido muito. De 2002 a 2012, subiu 205,5%, enquanto alunos até 49 anos tiveram um aumento de 93,3%.

    ENERGIA
    A rotina da estilista Bibi Barcellos inclui acordar às 5h30 diariamente para
    caminhar e fazer ioga e trabalhar até de noite em seu ateliê, em São Paulo

    A mudança vista na área da educação também aparece no mercado de trabalho. Nos últimos anos, o mesmo mercado que dava preferência à mão de obra da população jovem passou a valorizar profissionais com mais estrada. Para o diretor-executivo da empresa de recrutamento Michael Page, Leonardo de Souza, algumas áreas do mercado, como a indústria e a construção civil, passaram a requisitar um número maior de profissionais experientes. “Pessoas sêniores conseguem aliar energia com uma visão mais ampla e madura do mercado”, diz Souza. Andrea Tavares Fonseca, 53 anos, assistiu de perto às mudanças do mercado de trabalho para a sua geração, mas nunca teve medo de ousar. Aos 51 anos, com uma carreira consolidada, com direito a MBA na Inglaterra, ela decidiu deixar o emprego e viajar pelo mundo. “Estava muito cansada, não conseguia cuidar de mim, fazia apenas coisas relacionadas à empresa”, diz. Depois de uma longa jornada, retornou ao Brasil e foi aprovada em um processo seletivo de uma empresa do setor de óleo e gás. “Não foi um processo fácil, mas, independentemente da idade, o importante é ter coragem e planejamento para buscar aquilo em que acreditamos.”

    Na vida pessoal, os tabus em relação a relacionamentos e sexualidade também caem por terra. “As opções aumentaram e os julgamentos morais diminuíram. Como consequência, muitas pessoas não se sentem mais aprisionadas a escolhas do passado. Não gosta do seu casamento? Mude”, afirma o cientista social britânico Chris Middleton, coautor do livro “Pense Jovem: o Mais Bem Guardado Segredo para a Juventude Eterna” (Ediouro). A empresária Maria José Mosquini, 55 anos, e o servidor Elmo Lima, 54 anos, namoram há quatro meses.  Eles são o retrato de uma nova geração que acredita que a idade não é impedimento para começar uma relação. “É muito complicado dar o primeiro passo e voltar a namorar, mas quero construir minha família de novo”, diz Maria José, que já planeja fazer uma viagem por ano ao Exterior com o namorado. O sexo também está muito mais vibrante nessa faixa etária. “Esse processo de perceber que ainda vai viver muito tempo começou a mudar a maneira de as pessoas mais velhas encararem o sexo. Além disso, aos 50 a pessoa já sabe bem o que gosta e o que não gosta. É mais prazeroso”, afirma a sexóloga Carmita Abdo.
    VITALIDADE 
    Ana Carvalhais, 51 anos, começou a fazer exercícios por recomendação médica,
    para se livrar da depressão. Hoje maratonista e dançarina, é exemplo para a filha de 23 anos

    O bem-estar físico, tanto no que diz respeito à saúde quanto à aparência, é uma das maiores preocupações entre os cinquentões, segundo Mônica Yassuda, da USP. “Observo uma grande valorização das atividades físicas, da psicoterapia e da meditação”, afirma. Foram os exercícios aeróbicos e a dança que ajudaram a dona de casa Ana Maria Carvalhais, 51 anos, a superar uma crise de depressão. Ela começou a praticar exercícios físicos por recomendação médica e logo já era uma participante de maratonas, além de ter iniciado a filha de 23 anos na prática esportiva. “Sinto que ainda tenho muita coisa para viver”, diz, recuperada. Segundo Salo Buksman, geriatra da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o conceito mais forte é o de promoção da saúde. “Quem tem 50 hoje pode ser tão saudável quanto alguém com 30, 40. Mas não pode esperar uma ­doença aparecer. Precisa começar a se cuidar cedo. O exercício físico faz aumentar as reservas respiratórias, cardía­cas e cognitivas. Atenua o peso da idade no físico e na mente”, afirma.
    A pesquisa “Melhor Idade” realizada em agosto do ano passado pela Nielsen revelou o potencial que a nova geração de 50 anos possui como mercado consumidor. O estudo mostra que essa faixa etária já representa 38% dos lares no Brasil e é responsável por 40% das despesas de casa. “É um consumidor muito ativo, com preferências consolidadas”, diz Jefferson Silva, gerente de homescan da Nielsen. De acordo com a pesquisa, o grupo que mais cresce é o de “maduros bem-sucedidos”, ou seja, a população com mais de 50 anos que tem boas perspectivas para o futuro, emprego estável, economias e planejamento a longo prazo. Um dos setores que essa faixa etária mais movimenta é o de turismo. Prova disso é que a Student Travel Bureau, uma das maiores agências de intercâmbio do País, oferece programas específicos para ela. Segundo o presidente, José Carlos Hauer Santos Júnior, cerca de 15% dos interessados em fazer viagens internacionais possuem mais de 50 anos. “Começamos a criar programas específicos, como de arte contemporânea, culinária, vinhos e, então, surgiram as viagens em família”, diz Santos Júnior. Mudando sutilmente a sociedade em que vivem com suas ações e novos comportamentos, a geração dos 50 deixa um legado para as próximas. Os pais e avós de hoje comprovam diariamente que tudo é possível, em qualquer idade.

    *fabiola.perez@istoe.com.br, marianabrugger@istoe.com.br
    Fotos: Pedro Dias/AG. ISTOÉ; DIVULGAÇÃO; Renato Rocha Miranda/TV Globo; Marcio Nunes/TV Globo; Paula Giolito/Folhapress; Marcelo Liso /AFBpress/AG. ISTOÉ, João Castellano/AG. ISTOÉ, Rogério Cassimiro; Masao Goto Filho/Ag. IstoÉ

                                                                                     Fonte: Istoé

    quinta-feira, 11 de agosto de 2016

    Bem mais que vinte e poucos anos...




    A ideia de criar esse Blog surgiu como uma necessidade em estabelecer um diálogo com as pessoas que estão passando pelo mesmo momento de vida que eu. Vejo que algumas questões relativas ao envelhecimento são muito pouco discutidas e que o foco conferido a esse assunto acaba sempre recaindo sobre prevenção aos efeitos da velhice. Na nossa idade somos incentivados a nos preocupar em manter a aparência, a produtividade, a disposição, cuidar bem da saúde, questões que são relevantes e pertinentes, mas que acabam de certa forma, contribuindo na construção de uma visão obscura da velhice, porque seguem à ideologia de supervalorização da juventude. Sinto que a maturidade pode ser mais bem aproveitada se evitarmos cair na neurose de querer a todo custo preservar ou resgatar estas características e lutarmos contra a negação da velhice. Acho desnecessário vivermos numa inútil corrida contra o tempo.

    Quem, aos quarenta e poucos anos, ou mesmo antes, já não se sentiu ansioso por perceber que o organismo não funciona mais da mesma forma, que a aparência não é mais a mesma, que o mundo não o trata mais do mesmo jeito e acabou se sentindo inferior e impotente diante do inevitável? A gente acompanha a ascensão de profissionais de todas as áreas: artistas, atletas, que estão muito mais próximos da realidade de nossos filhos do que da nossa e se questiona sobre qual o espaço que ocupamos no mundo. Ainda estamos longe da velhice, temos muito o que fazer e este momento que poderia ser vivido com sossego e plenitude, passa a ser angustiante, só porque não nos enquadramos no estereótipo de juventude. Aí gastamos rios de dinheiro para aparentar que não temos a nossa própria idade porque é isso que todo mundo faz e acabamos nos comportando da mesma maneira. 

    Tem muita coisa que atrapalha a vida da gente quando assumimos essa ideologia, mas acho que o efeito mais destrutivo é a negação da velhice em nós mesmos, sendo que ela deveria ser aceita com total naturalidade. É cada vez mais doloroso para nós pensar que estamos caminhando para a velhice. Nessa luta para nos incluirmos no time dos jovens, deixamos de planejar o nosso próprio futuro e lidamos com a velhice como se fosse um tabu. Projetamos esse sentimento de inferioridade nos velhos e os tratamos como se fossem muito diferentes de nós, resistimos a todo custo nos colocar no lugar deles, pois estamos morrendo de medo de envelhecer e nem queremos pensar nisso. Não educamos os nossos filhos preparando-os para se relacionarem conosco na velhice, não assumimos um posicionamento político que dê a devida atenção à qualidade de vida do idoso, não nos importamos em proporcionar a eles o tratamento que gostaríamos de ter quando atingirmos a sua idade. Ao negarmos o nosso envelhecimento ignoramos que há muitas sementes a serem plantadas e que devemos fazer isso já, neste exato momento que estamos vivendo. 

    Então eu acho que devemos urgentemente rever nossos conceitos sobre envelhecimento e velhice. Precisamos, em primeiro lugar, reconstruir a nossa identidade envelhecente, deixando de nos considerar fruto de uma juventude que se perde a cada dia. Merecemos fazer valer o que aprendemos com a vida e todo o capim que a gente comeu, ainda mais agora, que vivemos o auge da nossa lucidez. Devemos igualmente dar o exemplo de como se deve tratar o velho, porque sabemos que é através do exemplo que se educa e assim contribuir para que nossa própria velhice seja cada vez mais digna. Vamos curtir esse momento da vida sem saudosismo, parar de reclamar que éramos mais lindos e bem dispostos, porque, se pensarmos bem, a nossa juventude não foi todo este céu estrelado. Aprendendo a valorizar agora a nossa maturidade estaremos mais aptos para aceitar e desfrutar de uma velhice que pode até ser bem bacana.   


    quarta-feira, 10 de agosto de 2016

    Gente é para brilhar




    É natural que a medida em que a gente vai amadurecendo, a sensibilidade refina em todos os níveis, a percepção que temos do mundo se amplia e muitas coisas que antes passavam desapercebidas, se revelam como se estivessem sob uma lente de aumento captando com mais sagacidade os sinais que as pessoas emitem. Ficamos também mais seletivos nas relações interpessoais, escolhemos com mais cautela com quem desejamos criar e fortalecer vínculos. Aquilo que definimos como intuição é forte o suficiente para acender nossa luzinha de emergência fazendo ouvir aquela voz interna que nos aponta a melhor forma de proceder em determinada situação ou em relação a alguém. Isso acontece porque captamos mensagens "invisíveis" em tudo que se expressa.

    A linguagem e a comunicação vão muito além do ato de falar bem, ter boa imagem ou uma bela voz. Na interação, vários sinais mostram quem somos, como estamos, se somos firmes, confiáveis, ágeis, disponíveis, se estamos interessados apenas em nós mesmos ou se realmente nos importamos com os outros. E quando trabalhamos nossa expressividade, reconhecemos um novo mundo dentro de nós. Estamos nos relacionando o tempo todo, levando nossas marcas e absorvendo as dos outros. Comunicador é todo mundo, mesmo em silêncio. O ato de falar ou ouvir tem o mesmo peso, a mesma importância. Nesse mundo narcisista e individualista em que vivemos, a palavra da vez tem sido empatia. Comunicar-se empaticamente é saber ouvir e se colocar no lugar do outro. Quando tem muita gente pra falar e pouca pra ouvir, empatia é puro luxo.   

    Existem inúmeras técnicas que facilitam e melhoram muito a comunicação e a linguagem. Elas podem tornar uma apresentação mais atraente, fazer com que a fala seja mais interessante, despertar a atenção para determinado assunto, dar leveza e graça ao se expor, impactar ou comover. Mas isso só funciona se for orgânico. Se não vier de dentro, não adianta. A pessoa fica parecendo uma marionete e o que desejou transmitir não se internaliza em nós, porque veio sem verdade, de forma artificial. Em algum nível todo mundo percebe a consistência ou a falta dela nas coisas que são expressas. Aquilo que tem conteúdo fica e o que é vazio a gente se esquece, o cérebro descarta. Técnicas de comunicação são super úteis para entender os próprios recursos expressivos e aprender a dispor desse potencial. Mas é sempre a autenticidade que convence.

    Muito pode ser aprimorado e o caminho é sempre dialético. Uma má postura corporal por exemplo, dá margem a inúmeras interpretações no contexto da comunicação. Assumir uma nova atitude  envolve um processo interno de transformação. Se o corpo resistir ao novo, não ocorre essa mudança. Da mesma forma os gestos, a voz, a fala e a imagem. Todas as pessoas possuem uma infinidade de recursos expressivos, basta descobrir e reconhecer o que é legítimo em cada personalidade.

    A luz de cada um se manifesta quando nos colocamos em movimento diante da vida. Todo bebê nasce brilhando e as crianças durante a infância são uns soizinhos. Por isso eu acredito que; brilhar faz parte da essência de cada um e todos possuem luz própria, como tudo na natureza que é totalmente singular. Resta-nos lapidar o que está em estado bruto e disponibilizar ao mundo o esplendor e a beleza de cada individualidade.