sábado, 6 de maio de 2017

RESPIRAR BEM PARA VIVER MELHOR



O instante em que saímos do ambiente líquido intra uterino e o ar invade nossos pulmões é aquele que determina que efetivamente estamos no mundo em estado de interação com todos os seres vivos. Depois da pele, os pulmões são a principal via de contato com o universo que nos cerca. 

É muito interessante observar a respiração de um recém nascido. Ao chorar, o bebê que possui apenas alguns centímetros, é capaz de projetar melhor a sua voz do que muitos adultos treinados para isso e raramente ficam roucos. A sua respiração e toda a sua musculatura de suporte estão no estado natural e, sendo assim, não há interferências de mecanismos corporais que reprimam a expansão e o funcionamento adequado da musculatura respiratória. Ele a utiliza todo o seu potencial, não apenas para chorar, mas para todas as funções corporais.

Com o passar dos anos, a qualidade da respiração tende a piorar. Já na adolescência, ou mesmo na infância, esse padrão pode se alterar muito. Isso ocorre porque todas as nossas emoções exercem um forte impacto no mecanismo respiratório. Os músculos que se sobrepõem àqueles responsáveis pela expansão pulmonar agem como protetores dos órgãos vitais. Dessa forma, eles criam uma rigidez semelhante a uma couraça. O medo e a angústia, por exemplo, geram um estado de tensão que é transmitido para esses músculos, por vezes tornando a respiração ofegante. O corpo ao incorporar esse padrão durante a vida vai modificando o modo respiratório ao longo do tempo e de acordo com as situações vivenciadas.  

É possível dissolver muito dessa rigidez através de técnicas específicas para isso. Na medida em que resgatamos um padrão respiratório mais fluído, percebemos que a voz melhora, a postura (pois o diafragma se conecta com as duas primeiras vértebras lombares e através de sua livre expansão ocorrerá uma ação de delordose que deixará a coluna vertebral mais ereta), muitas vezes desaparecem dores de coluna podendo-se aumentar alguns centímetros em estatura. 

Dissolver a rigidez desses grupos musculares também proporcionará o contato com muitos processos internos que nos levaram a desenvolver mecanismos de proteção. Ao nos sentirmos conectados aos movimentos respiratórios conseguimos controlar melhor a ansiedade e o nervosismo, dormimos melhor, nossos órgãos internos funcionam melhor, sendo que quanto mais ampla for a expansão do diafragma, mais ele estimulará o funcionamento dos órgãos abdominais. Não podemos nos esquecer da oxigenação que ocorre no nível celular. O cérebro bem ventilado funciona melhor. "Arejar as ideias" e "manter a cabeça fresca", quem não quer? 

Resgatar os movimentos respiratórios naturais é algo que tenho feito há mais de 20 anos. No início, o objetivo era o aperfeiçoamento vocal de cantores, pois fui cantora lírica profissional e fonoaudióloga nesse período. Mais tarde comecei a utilizar a mesma técnica em idosos, crianças e na reabilitação de pessoas que sofreram acidente vascular cerebral. Acredito que se começarmos qualquer processo de transformação readequando a função respiratória tudo fica bem mais fácil e rápido. Reconectarmo-nos à própria natureza só trará benefícios em todas as esferas da nossa existência.


    
Texto: Marcia Degani - Para este trabalho atendo pessoas de todas as idades.  

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