sábado, 13 de maio de 2017

QUEM CANTA OS MALES ESPANTA


A prática do canto com idosos confirma que este caminho pode ser uma eficaz e prazerosa ferramenta terapêutica, diante dos muitos benefícios que proporciona. Sendo o mais efetivo recurso para estimular a memória, selecionar o repertório é o primeiro passo, pois o significado afetivo das canções provoca  envolvimento emocional e aciona os registros relacionados à memória afetiva.

Os exercícios respiratórios são realizados com os objetivos de: promover maior vitalidade através da ampliação da capacidade pulmonar e oxigenação em todos os órgãos do corpo; acelerar o metabolismo através da expansão do músculo diafragma provocando uma “massagem” nos órgãos abdominais e colocar o idoso em contato com seu próprio corpo exercitando a propriocepção, sendo que é natural que a velhice o distancie das suas percepções e sensações corporais mais internas. Os exercícios respiratórios também reduzem a ansiedade, melhoram o sono, acalmam e geram bem estar.

Quando cantamos adentramos o domínio da fala que é racional, planejada (pois elaboramos um texto, aquilo que iremos falar) e da voz, que é emocional e subjetiva (quantas vezes a voz “entrega” o que as palavras tentaram esconder?). Abordar a voz é interferir na própria identidade. “Gostar de sua voz corresponde a aceitar o que somos e como nos sentimos.” (BLOCH in FERREIRA, 1998, pg.2). Dessa forma, cada vocalize realizado, cada escala, cada resultado no aperfeiçoamento vocal, se reflete em um ponto a mais na autoestima, além do sentimento de realização por produzir algo belo e verdadeiro através dos próprios corpos.

 As ciências têm explorado as propriedades da música e a tendência atual é observarmos cada vez mais o surgimento de pesquisas relacionadas ao canto em várias áreas do conhecimento. A psicologia cognitiva da música tem servido de base para os mais recentes estudos neurológicos e psicológicos que envolvem música e raciocínio. (ILARI, 2006). A neurologia tem explorado amplamente a música no campo dos tratamentos de reabilitação. O cérebro possui a capacidade de reorganizar-se denominada neuroplasticidade. Através dessa propriedade, ao ser estimulado em seus dois hemisférios pela música, o cérebro é capaz de substituir regiões responsáveis por determinadas funções mentais por outras, com maior eficiência e prontidão. (LEVITIN, 2010).

Desenvolver a voz cantada está longe de ser uma construção complexa que leva anos e anos de estudo, pelo contrário, é algo que já está dentro de cada um, pois o canto antecede à própria fala. Trata-se de uma expressão ancestral do ser humano, tal como a dança. Cantar é redescobrir um antigo hábito adormecido nas regiões mais primitivas do cérebro, basta disposição para resgatar vocalizações e melodias internas, de forma natural e espontânea.

A experiência de associar o canto à velhice é extremamente positiva. Os idosos respondem cada um à sua maneira em termos de vitalidade, prontidão, memória, raciocínio, expressividade, participação, interesse, afetividade, individualidades que vão sendo descobertas, através do timbre de cada voz que é único a forma particular de expressão. O exercício do canto é agradável, faz bem para a saúde e "espanta os males": em todas as idades.

Que tal fazer aula de canto? Para cantar basta querer. Com a Fonoaudióloga, Cantora, Professora e Mestre em Gerontologia Marcia Degani. (61) 3263- 6716. A partir de junho estarei com espaço próprio. Agende uma aula experimental.

Texto: Marcia Degani




Referências Bibliográficas:
Ferreira, L. P. (Org.) Dissertando sobre voz Carapicuíba-SP: Pró-Fono, 1998.
Ilari, S.B. (Org.) Em busca da mente musical Curitiba-PR: Editora UFPR, 2006.
Levitin, J.D. A música no seu cérebro; a ciência de uma obsessão humana Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

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