quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Gente é para brilhar




É natural que a medida em que a gente vai amadurecendo, a sensibilidade refina em todos os níveis, a percepção que temos do mundo se amplia e muitas coisas que antes passavam desapercebidas, se revelam como se estivessem sob uma lente de aumento captando com mais sagacidade os sinais que as pessoas emitem. Ficamos também mais seletivos nas relações interpessoais, escolhemos com mais cautela com quem desejamos criar e fortalecer vínculos. Aquilo que definimos como intuição é forte o suficiente para acender nossa luzinha de emergência fazendo ouvir aquela voz interna que nos aponta a melhor forma de proceder em determinada situação ou em relação a alguém. Isso acontece porque captamos mensagens "invisíveis" em tudo que se expressa.

A linguagem e a comunicação vão muito além do ato de falar bem, ter boa imagem ou uma bela voz. Na interação, vários sinais mostram quem somos, como estamos, se somos firmes, confiáveis, ágeis, disponíveis, se estamos interessados apenas em nós mesmos ou se realmente nos importamos com os outros. E quando trabalhamos nossa expressividade, reconhecemos um novo mundo dentro de nós. Estamos nos relacionando o tempo todo, levando nossas marcas e absorvendo as dos outros. Comunicador é todo mundo, mesmo em silêncio. O ato de falar ou ouvir tem o mesmo peso, a mesma importância. Nesse mundo narcisista e individualista em que vivemos, a palavra da vez tem sido empatia. Comunicar-se empaticamente é saber ouvir e se colocar no lugar do outro. Quando tem muita gente pra falar e pouca pra ouvir, empatia é puro luxo.   

Existem inúmeras técnicas que facilitam e melhoram muito a comunicação e a linguagem. Elas podem tornar uma apresentação mais atraente, fazer com que a fala seja mais interessante, despertar a atenção para determinado assunto, dar leveza e graça ao se expor, impactar ou comover. Mas isso só funciona se for orgânico. Se não vier de dentro, não adianta. A pessoa fica parecendo uma marionete e o que desejou transmitir não se internaliza em nós, porque veio sem verdade, de forma artificial. Em algum nível todo mundo percebe a consistência ou a falta dela nas coisas que são expressas. Aquilo que tem conteúdo fica e o que é vazio a gente se esquece, o cérebro descarta. Técnicas de comunicação são super úteis para entender os próprios recursos expressivos e aprender a dispor desse potencial. Mas é sempre a autenticidade que convence.

Muito pode ser aprimorado e o caminho é sempre dialético. Uma má postura corporal por exemplo, dá margem a inúmeras interpretações no contexto da comunicação. Assumir uma nova atitude  envolve um processo interno de transformação. Se o corpo resistir ao novo, não ocorre essa mudança. Da mesma forma os gestos, a voz, a fala e a imagem. Todas as pessoas possuem uma infinidade de recursos expressivos, basta descobrir e reconhecer o que é legítimo em cada personalidade.

A luz de cada um se manifesta quando nos colocamos em movimento diante da vida. Todo bebê nasce brilhando e as crianças durante a infância são uns soizinhos. Por isso eu acredito que; brilhar faz parte da essência de cada um e todos possuem luz própria, como tudo na natureza que é totalmente singular. Resta-nos lapidar o que está em estado bruto e disponibilizar ao mundo o esplendor e a beleza de cada individualidade. 

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