Histórias que falam da inevitável passagem do tempo e como
lidamos com essa fase da vida.
Por Alexandre Carvalho dos Santos
O escritor Philip Roth compos uma série de livros
elogiadíssimos sobre o passado não muito distante dos Estados Unidos: Pastoral
Americana, Casei com um Comunista e A Marca Humana – que lançou respectivamente
aos 64, 65 e 67 anos de idade. Vencedor de um Prêmio Pulitzer, ele acreditava
que “a vida sem escrever não valia a pena”. Só que Roth cansou. Seus últimos
trabalhos foram em tom de despedida, um prólogo do anúncio recente de sua
aposentadoria – da escrita e da vida
pública. Uma das obras mais marcantes desse adeus literário é A Humilhação, que
acaba de virar filme com Al Pacino – agora com o título de O Último Ato. O
protagonista é um ator veterano que acha que a velhice lhe roubou o dom da
interpretação. Mas seus planos de amargar uma lenta e solitária decadência são
atrapalhados por Pegeen (Greta Gerwig), a filha de amigos dele – que reacende
uma paixão de infância pelo velho ator.
Os clássicos
Até o mais durão dos lutadores de MMA é capaz de derramar
uma lágrima diante do drama “Era uma vez em Tóquio” (1953), do mestre japonês
Yosujiro Ozu. Um adorável casal de idosos viaja a Tóquio para visitar os filhos
– que estão sempre atarefados para dar atenção a eles. Mas, à indiferença e ao
egoísmo, os mais velhos respondem com uma lição de paciência e sabedoria.
Como lidar com o Alzheimer do amor de sua vida? Enquanto
Fiona (Julie Christie) vai perdendo o contato com a realidade, seu marido tem
de reaprender como se aproximar da companheira de tantas décadas – agora, uma
mulher que mal o reconhece. O filme de Sarah Polley, “Longe Dela” (2006), fala
de perda, de adaptação e do amor que, muitas vezes, nada pede em troca.
A rotina de um casal de professores de música se modifica
quando Anne sofre um derrame e fica entregue aos cuidados do marido. O filme de
Michael Haneke, “Amor” (2012), mostra a degradação e a entrega desses dois
octogenários – que não fingem ignorar o que estão vivendo. E extrai poesia
justamente do que é levar esse amor às últimas consequências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário