Enquanto o Rivotril é enaltecido e utilizado por toda uma
geração de forma indiscriminada como se fosse remédio para dor de cabeça, as
pessoas que fazem uso desse medicamento pouco sabem sobre os efeitos de longo
prazo desse psicofármaco.
O Rivotril é um remédio da classe dos benzodiazepínicos que
são drogas psicotrópicas, isto é, medicamentos que afetam a mente e o humor.
Eles também são popularmente conhecidos como tarjas pretas, tranquilizantes,
calmantes, ansiolíticos, medicamentos anti-ansiedade, sedativos, pílulas para
dormir e hipnóticos. São prescritos principalmente nos quadros de ansiedade e
problemas de sono.
Segundo dados da OMS cerca de 10% da população mundial
utiliza os benzos. Desse montante, um terço faz uso regular e o restante ou
dois terços utilizam os benzos a mais de 180 dias. No Brasil, entre 2006 e
2010, o número de caixinhas vendidas de clonazepam saltou de 13,57 milhões para
18,45 milhões, um aumento de 36%. O Rivotril domina esse mercado, respondendo
por 77% das vendas em unidades (14 milhões por ano). Esses números não contam
os outros campeões de venda como o alprazolam e o bromazepam.
Se pensar bem, provavelmente o seu vizinho de baia no
trabalho ou seu vizinho de residência tem grandes chances de ser um usuário de
Rivotril.
Existe um risco significativo de dependência de “benzos”,
por exemplo, mesmo se você seguiu as ordens do seu médico e nunca abusou sua
receita, você poderá experimentar sintomas de abstinência significativos caso
suspenda o uso do remédio de forma abrupta. A duração recomendada de uso é de
não mais do que duas ou três semanas de uso diário. A dependência física
estabelece-se após seis semanas de uso, mesmo que moderado. O uso crônico cria
tolerância obrigando a aumentar a dose para obter os mesmos efeitos. Entretanto,
algumas pessoas podem utilizar a mesma dose mais de 10, 20 anos.
O fato é que ao contrário de uma droga ilícita como a
cocaína, a heroína ou de drogas lícitas como o álcool e o cigarro, os prejuízos
na vida da pessoa podem ser vistos de forma menos clara. O prejuízos acontecem
de forma lenta e nebulosa.
Os “benzos” são prescritos para a ansiedade e sono. Mas, a
longo prazo, algumas pessoas poderão ter sua ansiedade aumentada e sua
qualidade do sono prejudicada. Quadros depressivos também tem grandes chances
de se instalar nos dependentes a longo prazo. Alguns usuários de longo prazo
relatam não notar nenhum efeito dessas drogas em suas vidas já tendo tomado a
medicação durante alguns anos. Entretanto, quando questionados do porquê de não
procurarem um médico e fazerem o “desmame” ou substituição por outro tipo de
medicação mais eficaz, esses optam por continuar ingerindo a droga seja por
comodidade ou medo. Na realidade, o medo da retirada mantém o indivíduo tomando
esse tipo de remédio. A maioria com certeza já experimentou ficar um dia sem o remédio por diversos motivos e se viu completamente desestabilizado
emocionalmente nos dias posteriores.
Os problemas de dependência e abstinência/privação são
comparáveis aos de outras substâncias que causam dependência como cocaína e,
tendo-se transformado, nos países aonde há um uso mais generalizado, num
problema de saúde pública, que só agora começa a ser reconhecido na sua
verdadeira escala. Os países desenvolvidos receitam cada vez menos benzos em
função de suas consequências e de processos médicos.
Pesquisa da Drug Abuse Warning Network (DAWN) do
departamento de saúde dos EUA, indica que em 2009 mais de 300.00 pessoas
fizeram uso da emergência dos hospitais nos EUA por abuso de abuso de
benzodiazepínicos. Se você tem problemas de compulsão com outras substâncias,
isso aumenta a também sua probabilidade de compulsão com “benzos”.
Dentre as mortes de celebridades envolvidas com coquetéis de
drogas contendo “benzos” podemos citar: Elvis Presley (diazepam, codeína,
morfina e petidina), o cantor Michael Jackson (propofol, diazepam, lorazepam e
midazolam), o ator Heath Ledger que fez o papel de “coringa” do filme Batman
(oxicodona, hidrocodona, diazepam, temazepam, alprazolam e doxilamina), a atriz
e modelo Anna Nicole Smith (clonazepam, lorazepam, oxazepam e diazepam), entre
muitos outros (Fonte G1).
Não há dúvida da eficácia e ajuda que esses remédios podem
ter a curto prazo, entretanto se tiver que tomar a droga,tome a curto prazo,
mas não deixe de lembrar que a longo prazo ela pode ter efeitos danosos na vida
de qualquer pessoa. O potencial para danos cerebrais orgânicos e
comprometimento cognitivo podem ser permanentes segundo diversas pesquisas.
Todas disponíveis na internet ou em artigos científicos.
Os pacientes que tomam altas doses de “benzos” por longos
períodos de tempo apresentam fraco desempenho em tarefas visuais e espaciais e
atenção sustentada. Isso implica que esses pacientes não funcionam bem na vida
no dia a dia e que eles não estão conscientes de sua capacidade reduzida de
performance.
O ideal é que você desenvolva novas estratégias para lidar
com os eventos estressantes da vida que não estejam baseadas somente no uso do
remédio. Essas estratégias podem envolver o desenvolvimento pessoal,
psicoterapia, mudança de vida, exercícios físicos, meditação, técnicas
alternativas de relaxamento, yoga, mais lazer, etc, de modo a gerenciar de
forma eficaz a sua ansiedade. Com certeza isso dá mais trabalho do que apenas
tomar pílulas todos os dias.
Escrevi um livro chamado “Vivendo sem Calmantes – ajudando
você a se libertar dos calmantes, da ansiedade e da depressão” cujo o objetivo
é auxiliar você, seus familiares e amigos que desejam largar os calmantes a ter
uma vida mais feliz e plena. Além disso, o livro traz dicas de desenvolvimento
pessoal, testemunhos de pessoas que conseguiram, dicas de medicina alternativa
e complementar e de diversas técnicas para ajudar as pessoas a terem uma vida
com mais qualidade.
Se ligue e tenha uma vida melhor! Seu corpo e a sua mente
agradecem!
Eduardo Drummond – Psicólogo Clínico e Coach – CRP 05/35489
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