domingo, 20 de novembro de 2016

SERÁ QUE ESTOU COM DEPRESSÃO? ALGUMAS INFORMAÇÕES QUE NUNCA ME CONTARAM...



De uns tempos pra cá tenho observado um significativo aumento das postagens sobre depressão. Se surgem páginas dedicadas a esse assunto e aumenta-se a quantidade de compartilhamentos, deve ser porque as pessoas têm se identificado com esse tema. Há alguns anos, assumi-la era quase um tabu, quase não se falava sobre isso, pouca gente tinha a coragem de dizer que a estava sofrendo e, mesmo assim, acabava sendo considerado fraco pela sociedade. 

Hoje abro minha timeline e vejo incontáveis postagens sobre esse distúrbio. Se por um lado me alegro por constatar que existe um impulso forte das pessoas em relação à sua desmistificação, por outro, me preocupo, quando me deparo com artigos como o que li ontem, que caracterizam como possíveis sintomas dessa doença questões que, para mim e acredito que para muitos de nós, possam significar apenas fases ruins nos altos e baixos da vida. Copio pra vocês os tópicos principais do artigo: "8 atitudes típicas de pessoas que têm depressão":

1- Ela talvez não pareça deprimida.
2- Ela pode parecer exausta ou queixar-se de um cansaço constante.
3- Ela poderá ficar mais irritadiça.
4- Pode ser difícil para ela corresponder ao afeto.
5- Pode se recusar a participar de atividades que gostava muito.
6- Talvez passe a ter hábitos alimentares incomuns.
7- Os outros talvez passem a exigir mais de você.
8- Ela pode ter dias ruins e dias melhores.

Não estou querendo dizer que estes sinais não possam fazer parte de um quadro depressivo, a questão é que são tão subjetivos e comuns, que podem caracterizar um momento de vida difícil ou simplesmente fazerem parte da personalidade da pessoa. O problema que vejo é o poder de sugestão que isso tem. Outra coisa que questionei foi: para quem ele é destinado? Para os "não deprimidos" identificarem pessoas que estejam ou para os "deprimidos" se convencerem de que realmente o estão? Qualquer uma das duas hipóteses deveria conduzir à busca de ajuda especializada. Só que para este caso, há dois caminhos possíveis: a medicamentação e a psicoterapia.

Na minha opinião, qualquer terapia que leve ao autoconhecimento é positiva e válida em qualquer fase da vida e todo mundo deveria fazer. Um bom terapeuta também pode orientar a pessoa no esclarecimento dessa dúvida cruel e sendo necessário, estabelecer um diálogo com o psiquiatra. Muitas situações da vida são difíceis de se processar e alteram o nosso comportamento, se isso não ocorresse, estaríamos acima da espécie humana. Ninguém gosta de sofrer, de se irritar, de ficar indisposto, compulsivo para comer ou inapetente. A maioria de nós concorda que terapia é bom, mas se houver um remedinho pra resolver mais rápido, por que não?

Com base em um livro muito sério de um médico dinamarquês chamado Peter C. Gotzsche (no final passo a fonte pra vocês), vou enumerar alguns porquês de termos que tomar muito cuidado com a utilização dos remédios psiquiátricos e essas informações que repasso, ninguém nunca me contou. O livro foi lançado em 2014, tem dado muito pano pra manga e incomodado muita gente.  

1- As definições dos transtornos psiquiátricos são vagas e fáceis de manipular. "Psiquiatras importantes estão sob alto risco de corrupção e ganham mais dinheiro dos fabricantes de medicamentos do que os médicos de qualquer outra especialidade. A psiquiatria tornou-se a mina de ouro das grandes empresas farmacêuticas." Vamos lembrar que essa indústria, em termos de consumo, só perde para a alimentícia e está na mão de muito pouca gente em comparação com a dos alimentos. Ela só se equipara em lucros com a do cigarro e a do petróleo.

2-  Considerando os efeitos que os psicotrópicos têm, seu uso em larga escala é prejudicial. O uso prolongado desses medicamentos afeta negativamente o funcionamento do cérebro. "A maioria dos pacientes psiquiátricos ficaria melhor se não recebesse medicamento algum e os que necessitam de tratamento apenas precisam deles por um curto período de tempo ou de maneira intermitente."

3- O uso destes remédios causa dependência química e fortes sintomas de abstinência ao serem retirados. "As pessoas podem ter sintomas terríveis quando tentam parar, tanto sintomas que se assemelham com a própria doença como muitos outros que nunca sofreram antes. É muito infeliz que quase todos os psiquiatras - e os próprios pacientes - interpretem isso como sinal que ainda precisam do medicamento. Geralmente não. Tornaram-se dependentes, igual a um drogado que é dependente de cocaína ou heroína." Medicamentos para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e Inibidores Seletivos para Recaptação de Serotonina (antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, etc.) têm efeito de anfetamina, logo devem ser encarados como narcóticos sob prescrição e serem usados o mínimo possível.  

4- Ninguém nunca conseguiu provar que a depressão afete o funcionamento químico do cérebro mas já foi provado que o uso de medicamentos psiquiátricos, sim. "Nunca foi documentado que qualquer uma das grandes doenças psiquiátricas seja causada por um defeito bioquímico e não há qualquer teste biológico que consiga nos dizer se alguém tem determinado transtorno mental. A ideia de que os pacientes deprimidos têm carência de serotonina foi convincentemente rejeitada. (...) Os medicamentos psicotrópicos não corrigem um desequilíbrio químico, eles o causam, que é a razão pela qual é tão difícil livrar-se dos medicamentos de novo. Se ingeridos por mais do que algumas semanas, esses medicamentos criam a doença que pretendiam curar."  

5- "Não é saudável perturbar funções normais do cérebro com medicamentos sejam eles legais ou ilegais. Os medicamentos psicotrópicos podem levar à violência, inclusive ao assassinato. (...) A violência foi particularmente relatada com frequência para medicamentos psicotrópicos (antidepressivos, sedativos/hipnóticos, medicamentos para TDAH e para parar de fumar)."

6- Estes remédios causam efeitos colaterais, dentre eles dor de cabeça, agitação, perda da concentração para realização de atividades diárias como estudar e dirigir, apatia, distúrbios sexuais (diminuição ou anulação da libido) e outros bem piores, como impulsos violentos e suicidas.

7- Quando uma pessoa se acostuma a viver sob o efeito desses medicamentos, vai gradativamente perdendo a capacidade de reagir às adversidades através de seus próprios recursos internos. Fica cada vez mais frágil emocionalmente e quando pára de tomá-los, se sente abalada por questões que seria capaz de resolver ou lidar, caso não os tivesse ingerido.

Me ative aos aspectos mais relevantes do que ocorre com os adultos, mas o que mais me apavorou neste livro é a administração desses mesmos remédios para as crianças, me deixando preocupadíssima com essa nova geração. O que tem me levado à informação sobre esse assunto é minha própria experiência com o uso desses remédios. Perdi mais de 10 anos da minha vida sofrendo um tipo de dependência química que eu mesma desconhecia e todos os medicamentos que tomei foram prescritos por médicos. Observei também uma significativa perda na qualidade de vida em idosos medicados de forma abusiva. Outro dia também verifiquei que estes remédios têm sido indicados em larga escala para dependentes químicos de drogas ilícitas, alcoólatras, fumantes e para quem simplesmente quer emagrecer. 

Não sou totalmente contra a utilização desses remédios e sinceramente, acredito que possam ser muito úteis quando administrados de forma adequada por um médico responsável. Mas é importante também não confundir experiências de sofrimento naturais da vida com um diagnóstico de depressão. É claro que ela existe, precisa ser tratada e antes de qualquer coisa, quem está triste ou deprimido merece e precisa ser respeitado, acolhido e aceito.

Para quem se interessar no assunto vale muito a pena ler o livro. As partes grifadas foram compiladas e as não grifadas foram informações obtidas através de sua leitura.



Nenhum comentário:

Postar um comentário