É verdade. Minha vó curava qualquer doença com três dedos de água e um punhado de açúcar sempre na mesma quantidade, que vinha com o mesmo gostinho. E hoje quero falar sobre isso porque entendo um pouco mais sobre o efeito placebo.
Todo medicamento ao ser testado, para comprovar sua eficácia no organismo humano, é feito da seguinte forma: seleciona-se dois grupos, um que tomará o remédio e outro que tomará uma pílula igualzinha, só que de "farinha". Essas pessoas não sabem quais comprimidos são os "de verdade" e os "de mentira". Os remedinhos de "farinha" são chamados placebo. Aí faz-se as estatísticas de quem se curou. Sabe o que acontece? Em geral a diferença dos que se curaram com o remédio "de verdade" é apenas 10% superior àqueles que TAMBÉM SE CURARAM com o "de mentira". Tipo: 60% se curou com o medicamento testado e 50% com o placebo. Aí esses remédios vão para as farmácias e os médicos podem começar a receitá-los aos pacientes.
Mas essa diferença é muito pequena! Foi a primeira coisa que pensei quando soube disso. O que me espanta não é o remédio "que cura", mas é o "não-remédio que também cura", o que me faz pensar que a cura está dentro de cada um de nós. Um organismo que acredita que vai ser curado acaba dando um jeito, desencadeando reações através de seus próprios recursos. Imagina que bacana pra quem tomou o placebo. A pessoa confiou em uma pesquisa sobre um medicamento que nem havia no mercado, na esperança de que ele resolvesse o seu problema e entregou sua própria saúde nas mãos daquele laboratório. E saiu de lá curada! Tomando cápsula de "maisena"! Não é de se parar pra pensar?
Minha avó preparava essa água com açúcar e era batata, curava tudo. Ela acreditava nisso e aquele copinho vinha "energizado". A gente que o recebia, então, tinha certeza. Acho que essa coisa do acreditar desencadeia uma propriedade linda do nosso organismo que se chama homeostase. A homeostase é a capacidade dele se reequilibrar através de si mesmo. Toda doença é um desequilíbrio orgânico, aí a nossa mente toma o "remédio" seja ele qual for, que pode ter propriedades curativas (OU NÃO!), acreditando que vai "sarar". O remédio pode ajudar de fato, isso não se discute, mas será que ser curado não parte mais de uma decisão interna, da convicção de que o mal vai passar, que acaba desencadeando uma reação do próprio corpo nesse sentido?
Era bolsa de água quente, chazinhos, água com açúcar e "benza". Sim! Fui benzida diversas vezes por rezadeiras que ficavam passando uma plantinha pra lá e pra cá, às vezes a plantinha murchava e era sinal que o mal tinha saído. E tinha também muito amor. Que na minha opinião, é o único e melhor remédio do mundo.
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